A
maconha e a direção
Israel P.
Marques Neto[i]
É certo que a legalização da planta da cannabis é
uma questão de tempo. Em vários lugares, seu uso é respeitado pelo estado,
porém neste contesto, temos diversos cenários. No Brasil, o tema ainda é
tratado como caso de polícia, criando assim um ambiente caótico, violento e
dantesco para o usuário, traficante e polícia, que acaba muitas vezes
respingando por toda malha social.
Em comum entre todas as legislações de trânsito, é a
expressa proibição do uso da maconha pelos condutores veiculares, agindo assim
da mesma forma como é feita com o álcool, que não foi mais tolerado a partir da
lei seca. A aprovação desta lei, teve grande apoio popular, devido as campanhas
de conscientização e as experiências realizadas, demonstrando o risco
apresentado pelos motoristas alcoolizados, não restando dúvida sobre esta
combinação mortal de álcool e direção. Porém diferentemente do álcool, no caso
da maconha, não foram apresentadas pesquisas e testes que demonstrem o
comportamento dos motorista sob seus efeitos e o perigo destes na condução de
veículos.
Neste tema, infelizmente paira uma densa névoa de
mitos e desconhecimentos, tencionando a opinião pública a julgar este quesito
com preconceito, pautado no velho censo comum. Para continuar aplicando esta
lei de trânsito, que pune de forma severa o uso do THC, seria muito
satisfatório a apresentação de testes envolvendo maconha e direção. Sabemos que
o álcool causa perda de equilíbrio, dificuldade na fala e no raciocínio, e dependendo
da quantidade ingerida, pode levar ao coma. A maconha não registra mortes pelo
seu uso, nem usuários que entraram em coma, sendo taxadas por cientistas como o
inglês David Nutt da lista de drogas perigosas, sendo menos prejudicial que o
álcool e tabaco.
Como o assunto da maconha não é debatido de forma
clara e isenta, é comum a relação dos efeito da maconha ao de bebidas alcoólicas.
Da mesma forma dos aparelhos etilométricos usados para detectar a presença de
álcool no sangue dos motoristas, já estão disponíveis no mercado aparelhos para
indicar a presença do THC. Portanto, para a justificativa da aplicação desta
lei, seria importante apoiar-se em pesquisas científicas, e não em achismos e
na simples relações dos efeitos entre maconha e álcool.
[i]
Licenciado em Geografia pela UFSM, e docente da rede de ensino estadual do RS
Rg:1074580406- cel (55) 81243314- email.
professorlelinho@gmail.com
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