Guerra digital: USAid montou twitter para atacar Cuba

Chefe da USAid enfrenta questionamentos sobre “twitter cubano”
Rajiv Shah vai depor a um comitê do governo dos Estados Unidos que investiga o programa de mídia social secreto de sua agência
O administrador da agência dos Estados Unidos para desenvolvimento internacional vai depor a um comitê do governo dos Estados Unidos que questiona o programa secreto do “Twitter Cubano” — uma rede de mídia social alegadamente construída para causar agitação doméstica.
Rajiv Shah vai enfrentar questionamentos do senador democrata Patrick Leahy, que chamou o programa publicamente de “estúpido, estúpido, estúpido”.
Na semana passada vazou que a USAid supervisionou a criação de um serviço de mensagens de texto chamado ZunZuneo e faz grande ginástica para esconder as ligações de Washington com o projeto.
Uma pergunta-chave das audiências será se o programa colocou em risco os usuários ao esconder que o governo dos Estados Unidos estava por trás do ZunZuneo.
A rede foi lançada publicamente pouco depois da prisão do norte-americano Alan Gross em Cuba em 2009. Ele foi preso depois de viajar repetidamente numa missão clandestina da USAid para dar acesso de internet a cubanos usando tecnologia sensível que apenas governos usam.
O comitê do governo também vai tentar determinar se o programa deveria ter sido classificado como “clandestino” sob a lei de segurança nacional dos Estados Unidos, o que teria exigido autorização prévia da Casa Branca e briefings a comitês de inteligência do Congresso.
Shah disse na semana passada que o programa ZunZuneo não era clandestino, embora partes dele tenham sido “feitas de forma discreta” para proteger as pessoas envolvidas. Ele disse na MSNBC que um estudo do escritório de transparência do governo sobre programas de ”promoção da democracia” organizados pela USAid e pelo Departamento de Estado — dentre os quais estava o projeto do Twitter Cubano — concluiu que todos respeitavam as leis [dos Estados Unidos].
“Não foi uma operação clandestina em qualquer sentido”, ele afirmou.
Mas o autor do estudo, David Gootnick, disse nesta semana que os investigadores não examinaram se os programas analisados eram ou não clandestinos.
Gootnick disse que o estudo citado por Rajiv focou no exame daquilo que a USAid sabia que seus contratados estavam fazendo. Constatou que a agência estava monitorando o trabalho adequadamente. “Nós não perguntamos, nem analisamos, a propriedade ou não de desenvolver tais atividades”, ele disse.
Leahy, que dirige o sub-comitê do Senado que autoriza gastos da USAid e do Departamento de Estado, disse que não soube do projeto do Twitter Cubano quando estava no cargo.
“Se eu soubesse, teria dito, ‘o que é que vocês estão pensando’?”, afirmou o senador à MSNBC na semana passada. “Se vocês vão fazer uma operação clandestina para mudar o regime, assumindo que ela faz sentido, não é algo que deva ser feito pela USAid”.
Além de aparecer diante do comitê de Leahy, Shah deve depor no subcomitê equivalente da Câmara, dirigido por um republicano, além dos comitês de relações exteriores do Senado e da Câmara. Na semana passada, o presidente deste último comitê na Câmara, um republicano, disse que investigaria o projeto.
Num post publicado segunda-feira, a USAid reiterou sua posição de que o programa não era clandestino. Disse que referências a smart mobs* em documentos sobre o programa obtidos pela Associated Press “não tem nada a ver com Cuba ou o ZunZuneo”, embora ambos sejam citados claramente.
A agência também disse que vários candidatos a presidir a rede foram informados explicitamente que o governo dos Estados Unidos estava envolvido. Documentos demonstram que os criadores do ZunZuneo queriam manter a origem do serviço em segredo dos candidatos a emprego. A Associated Press contatou dois dos candidatos a dirigir o ZunZuneo e ambos informaram que quando foram entrevistados para o emprego não tinham ideia do envolvimento dos Estados Unidos.
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