
"Esta estratégia pede uma abordagem equilibrada para confrontar o complexo desafio das drogas e suas conseqüências" Barack Obama, Fumante de Tabaco.
Obama não surpreende ao apresentar sua estratégia focada em prevenção e tratamento.
Não se trata de nova política antidrogas, mas de um plano estratégico, elaborado pelo diretor do Departamento de Política Nacional de Fiscalização das Drogas, Gil Kerlikowske, que busca uma reaproximação à linha humanista do democrata Jimmy Carter (1977 a 1981). A retórica do governo americano foi considerada a mais balanceada das últimas décadas, passando parte da concentração histórica na política repressiva da "guerra às drogas" para um enfoque mais voltado para saúde pública.
Os pontos principais da estratégia para combater drogas ilícitas no país campeão mundial de consumo, está na redução nos próximos cinco anos de 15% no número de usuários de drogas proibidas e 15% nas mortes logo após o consumo. Para isso, o governo incrementará a prevenção e o tratamento.
o plano estratégico de Obama “representa uma reviravolta radical a respeito do passado”.Durante muitos anos, cantou-se uma falsa vitória na luta contra as drogas. Os que anunciavam a falsa vitória baseavam-se, apenas, na queda no número de jovens que tinham experimentado maconha. Ignorava-se, o grande aumento de vítimas por overdose, causada pelo abuso no uso de novas drogas ou pelo consumo impróprio de medicamentos prescritos por médicos.
O plano reconhece que o vício em drogas é uma doença e especifica que a política federal de controle de drogas deve ser assistida pelas diferentes partes envolvidas, incluindo famílias, escolas, comunidades, médicos. Isso é certamente uma mudança em relação ao governo Bush, que repetidamente caracterizava o uso da droga com uma falha moral ou pessoal. Obama, criticou a política de “guerra às drogas”, iniciada no governo Ronald Reagan e nunca abandonada, apesar da completa falência. Determinou que a polícia federal encerrassem as perseguições feitas aos que faziam uso de maconha para fim terapêutico, conforme estabelecido em leis estaduais. W. Bush pressionava a polícia federal para prender idosos que usavam maconha. declarando ser de competência federal a elaboração de leis sobre drogas ilícitas. entendendo inconstitucionais as leis estaduais que admitiam o uso médico-terapêutico da maconha. O novo plano descarta a descriminalização da maconha embora reforce as garantias para seu uso medicinal. Invoca a reforma da política de drogas com o fim da disparidade criminal entre o crack e a cocaína e desestimula o encarceramento para a maioria dos usuários, apontando para programas comunitários e alternativos para evitar a prisão como primeira opção. Obama, na nova estratégia, fala em apoio aos parceiros internacionais na repressão. Sabe-se, no entanto, que não apoiará os militarizados planos de War on Drugs, tipo Plan Colômbia, Plano Dignidade (Bolívia) ou Plan Mérida (México). No final de 2009, Obama reduziu seu apoio financeiro ao presidente mexicano Felipe Calderón, interessado em continuar a sua sangrenta e infeliz guerra às drogas balizada de Plan Mérida. Uma guerra cujas vítimas fatais, em quase 80%, são de civis inocentes.
Analistas advertem, porém, que o plano, não representa reviravolta profunda nas políticas fracassadas do passado, especialmente quanto à ação internacional. A política externa antidrogas americana é percebida como focada apenas em ações policiais e militares. Os críticos veem uma dicotomia ultrapassada entre país consumidor (os EUA) e países produtores (como Colômbia, Bolívia, México e outros), que são alvo de ações repressivas.
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